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O Fim das Grandes Hidrelétricas e A Era da Geração Distribuída

Assim como em outros países no mundo, o Brasil vive hoje um período de transição em sua matriz energética, conforme fontes de energias predominantes vão perdendo seu domínio e uma descentralização da geração começa a abrir caminho no país.

Com 219 usinas hidrelétricas em operação gerando mais de 60% de toda energia elétrica centralizada, segundo os dados do Banco de Informações de Geração da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), o Brasil ainda se encontra altamente dependente da fonte hídrica para suprir a demanda de sua população.

No entanto, além dos problemas envolvidos em se depender exclusivamente de uma única fonte,  a crise hídrica decorrente da falta de chuvas nas regiões dos principais reservatórios, novos percalços no caminho deverão colocar um ponto final na supremacia das grandes hidrelétricas no Brasil.

Um dos motivos é a iminente venda da Eletrobras, que foi responsável, direta ou indiretamente, pela construção dos principais projetos no país, fato que deverá mudar após a sua privatização, assim como incertezas regulatórias e de financiamento que agora inviabilizam esses projetos.

“A privatização da Eletrobras é um fator relevante. Não existiriam ou atrasariam muito as obras de Santo Antônio, Jirau e Belo Monte. É por meio da Eletrobras que o governo consegue interferir na liberação de licenças ambientais em prazos razoáveis. Sem ela, tudo isso ficará mais difícil.” disse Edvaldo Santana, ex-diretor da Aneel e presidente da Associação Brasileira de Grandes Consumidores de Energia (Abrace).

A questão ambiental, inclusive, é outro fator que vem barrando a construção de novos projetos de usinas hidrelétricas, uma vez que o atual potencial inexplorado da fonte se encontra na região Norte do país, ocupada pela floresta Amazônia, com suas terras indígenas, quilombolas e unidades de conservação.

No ano passado, por exemplo, Ibama arquivou o projeto de licenciamento da usina de Tapajós, no Pará, com potencial de cerca de 8 mil (MW). O Ministério de Minas e Energia (MME) já anunciou que não tem intenção de brigar pelo projeto.

Com a situação ficando inviável para grandes projetos hídricos, a expansão da fonte deverá encontrar lugar no setor elétrico do país agora através das Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH), que possuem potência de até 30 megawatts.

No entanto, o atual cenário parece favorecer a expansão de outras fontes renováveis e abundantes no país, como a Solar e eólica, as quais apresentaram os maiores volumes de contratação nos dois últimos Leilões de Energia Nova (LEN), realizados no final do ano passado, devido aos seus preços recordes.

Geração Distribuída

A grande vertente em percurso no país, e no mundo, entretanto, é a geração de energia próxima ou no próprio local de consumo, denominada de geração distribuída, quando o próprio consumidor gera a energia que consome.

Em expansão no país desde 2012, quando a Aneel divulgou a sua Resolução Normativa estipulando as regras, o segmento vem crescendo no país de forma exponencial, com aumento consecutivo de 300% no número de sistemas pelos últimos três anos.

Através das regulamentação vigente, o consumidor que opta por instalar um sistema gerador em sua casa, pode conectá-lo a rede da distribuidora e efetuar a troca da energia com esta, consumindo a energia que gera ou sendo compensado por créditos pela energia injetada na rede.

Assim, este pode economizar até 95% em sua conta de luz e fica imune aos reajustes na tarifa energética que elevam o valor das contas de luz dos brasileiros a cada ano.

Por apresentar maior disponibilidade e potencial de geração, a tecnologia fotovoltaica, que usa a luz do sol como fonte geradora de eletricidade, é a que mais se espalha no país, já estando presente em mais de 19 mil estabelecimentos do Brasil.

Segundo as projeções divulgadas pela Aneel, até 2024 deverão ser mais de 886 mil consumidores gerando a própria energia em suas casas e empresas.